Já visitámos o Tasco há algum tempo. Como sempre, fomos preparadas, com máquina em punho para captar cada momento, cada prato. A verdade é que nunca o viram por aqui. É verdade também que nem sempre conseguimos ser tão rápidas quanto desejaríamos a partilhar o que vivemos. Mas aqui a situação foi outra... Podia ter sido uma boa experiência... Mas não foi assim tão boa! Nada ficou na memória, um prato, um gosto diferente. O espaço não é incrível, o atendimento é simpático, nada mais que isso. E por isso mesmo não o partilhámos. Ficou guardado na gaveta, sem uma vontade de voltar.
Mas hoje há um ponto que nos faz recuar até aquele jantar e entender que realmente nada ali bate certo, nas pessoas que estão por trás daquele restaurante, não bate certo nos pensamentos vãos que passam pela cabeça de quem lá está.
Preferimos não debater muito sobre o insulto proferido na página de facebook destes senhores... Talvez nos exaltássemos e este deixasse de ser um lugar de respeito. Nem sempre somos de ferro. A verdade é que é triste reflectir sobre o que vai na cabeça das pessoas para acharem que associar um pedaço de carne a uma mulher está tudo bem. Estão a ter o mediatismo que queriam, sem dúvida deve ter sido esse mesmo o propósito! Mas que mulher vai querer voltar a lá entrar?
Não, não está tudo bem. E no dia em que faz um ano dos ataques do Charlie Hebdo volta a velha questão do que é a liberdade! A liberdade tem limites? Existem os limites da boa educação? Os limites que o respeito nos impõe, os limites que o bom senso deve ditar em cada um de nós? É legítimo reclamarmos o bom senso? Acreditamos na liberdade que conquistamos, temos prazer em usufruir dela, livres de quaisquer medos, certas de que nada justifica a morte, certas de que tirar uma vida mata a nossa liberdade e a de todos.
E não, não está tudo bem quando comparamos uma mulher a um pedaço de carne e lhe chamamos vaca. Ainda vivemos num país livre de escolhas, mas insultar uma mulher, é insultar todas as que se cruzarem com esse comentário.
Não gostamos. Não gostamos mesmo. O Tasco podia ser um pedaço de Érica Fontes... Mas nem é assim tão bom!
Somos livres das nossas escolhas, fazemos o que queremos, e se esse caminho que escolhemos não magoar ninguém então fizemos a escolha certa. Invadir a liberdade dos outros com insultos foi uma escolha, uma escolha triste, desnecessária. Mas mais do que um insulto à pessoa em questão, foi um insulto a todas nós.
Não tínhamos vontade de lá voltar, não cabia nos nossos planos uma nova visita a um sítio tão insosso. Hoje sabemos que não vamos lá voltar porque não cabe em nós a ideia de partilhar o insulto fácil, num sítio tão azedo.
m.*
L.<3
Nunca lá fui, mas por muito boa que fosse a comida, agora é que não ponha mesmo lá os pés. Uma coisa é lutar pela liberdade de expressão, e eu gosto de humor negro desde que feito com classe e com um objectivo social bem definido - é possível fazer bom humor negro, tal como faz o Charlie Hebdo que vem logo à conversa da "liberdade de expressão". Mas isto é só um insulto. Uma não-piada machista e degradante, disfarçada de bom humor. Liberdade de expressão não é desrespeito, é comentário - mais ou menos sarcástico, tudo bem, mas feito com cabeça. Obrigada por trazerem isto à baila!
ResponderEliminarJiji
* não ponho mesmo lá os pés :p fica a correcção e o reforço da ideia! :)
EliminarFiquei com a mesma impressão na única vez que lá fui: nada de novo ou extraordinário, simplesmente pratos normais, vulgares. Um espaço relativamente acolhedor, serviço atencioso, mas é preciso mais do que isso para ser memorável. :) Agora então é que não volto lá mesmo. :)
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