Roteiro: Veneza


O mundo fala em Veneza como um cantinho mágico, destino romântico obrigatório, cidade que ninguém pode perder. E por todas essas indicações talvez nunca tenha despertado em mim um interesse que me fizesse querer voar para lá. Não sou fascinada pelos comuns clichés (muito embora Paris seja o meu crush!) mas a cultura italiana cada vez mais tem marcado presença no meu imaginário, na minha lista de desejos. Este não seria o nosso destino de eleição para a lua de mel ou não nos tivesse parecido uma excelente escala até à tão esperada Croácia. Surpresa das surpresas: rendi-me por completo a esta cidade e não há, efectivamente, melhor forma de começar uma lua de mel pela Europa que não aqui!

Irei falar mais para a frente sobre a restante lua de mel, hoje deixo-vos apenas com um roteiro de 3 dias por Veneza. Por onde passear, onde dormir, onde comer. Com os sítios que estipulamos como obrigatórios, não houve tempo para entrar em museus ou igrejas. As filas de espera são sempre intermináveis e impunha-se desfrutar da cidade sem esperas. Passear era o mote e foi cumprido com nota máxima!

A travessia até Veneza fez-se de autocarro. O nosso voo tinha chegado tarde e por isso dormimos uma noite num hotel em Mestre, (NH Laguna Palace, um hotel com óptima localização nesta perspectiva de fazer a ponte com Veneza, com um excelente pequeno almoço) principal base de acesso a Veneza. No Corso del Popolo apanhamos o autocarro 4L que atravessa a SS11 e nos deixa em Veneza em 15 minutos. Os bilhetes para este autocarro são comprados num quiosque junto à paragem, custam 3euros por pessoa e são de ida e volta, caso pretendam regressar no mesmo dia. O autocarro deixa-nos na Piazzale Roma e aí podemos apanhar um vaporetto para o local que pretendermos, fazendo uma primeira viagem pelo Canal Grande que dá logo uma perspectiva fantástica da cidade.
No caso do roteiro que aqui vos indicamos, uma vez que irão existir viagens a outras ilhas como Murano e Burano, o melhor mesmo é comprar o pass de 2 ou 3 dias (30 e 40 euros respectivamente) para poder viajar de vaporetto de forma livre ao longo dos dias. Se a ideia for apenas ficar por Veneza, então poderá não se justificar a compra de um pass turístico uma vez que veneza é uma cidade que se faz muito bem a pé.







As Gôndolas, os taxis e os vaporettos:

Logísticas de transportes aparte, em Roma sê romano, em Veneza há que andar pelos canais, seja nos comuns vaporettos, nos táxis privados ou nas românticas Gondolas. A cidade é maravilhosa para descobrir a pé mas a visita fica perfeitamente incompleta se não passar também pelas viagens de barco.
Como referi acima, fazer uma primeira viagem de vaporetto pelo Canal Grande é uma óptima opção para perceber o ritmo da cidade, a forma como ela fervilha a cada esquina, todo o movimento de pessoas e, claro está, de barcos. O trânsito caótico de barcos é deslumbrante e uma experiência única que não se vive em mais nenhuma parte do mundo.

Para uma viagem mais exclusiva há táxis privados que nos levam a qualquer parte da cidade a toda a velocidade, com lugar sentado garantido e encontram-se em vários pontos de Veneza. O preço destas viagens varia consoante o trajecto.

A romântica viagem de Gôndola torna-se obrigatória quando se está a falar de uma escapadinha a dois. As viagens têm a duração de 30 minutos e um preço fixo por Gôndola, comum a qualquer uma: 80 euros. Estes 80 euros aumentam para 100 se estivermos a falar de uma viagem nocturna (a partir das 20h), mas este preço inclui o aluguer da Gôndola, com uma lotação que poderá ir até 6 pessoas. A calma e o privilégio de passar por canais onde seria impossível passar de qualquer outra forma são as vantagens que o passeio de Gôndola tem. Não é por acaso que estes passeios são um ícone desta cidade. Trinta minutos sabem sempre a pouco mas são a forma perfeita de fugir à azáfama de Veneza e de desfrutar de um ponto de vista completamente diferente da cidade.







O mercado:

por aqui confessei algumas vezes que não posso abandonar uma cidade sem conhecer o seu mercado tradicional. O último dia foi de muita chuva mas nem isso nos impediu de seguir o nosso caminho na descoberta dos ingredientes que se impõem nas cozinhas venezianas. Os legumes alcançam um colorido bastante completo mas foi, uma vez mais, no mercado de peixes que me perdi. Dos moluscos aos mariscos, este foi provavelmente o mais completo mercado onde tive o prazer de deambular. 






Burano:

Sabíamos desde o início que o que nos levava a Veneza era o desejo enorme de conhecer Burano. Não era aceitável para nós passar 3 dias em Veneza sem encontrar uma forma de dar um saltinho a esta vila piscatória repleta de cor como em poucos lugares do mundo se vê. Tínhamos lido que a viagem de barco demorava cerca de 45 minutos e sabíamos que tínhamos que conseguir incluir isso no nosso roteiro. E é tão mais fácil do que parece quando se planeia a viagem a partir de casa! Em Veneza os vaporettos estão sempre a passar e a verdade é que aquilo que a partir de casa nos parecia uma "viagem de barco", não passa de um maravilhoso passeio de barco de uma ilha para a outra passando por mais algumas pelo caminho. É fantástico ver a cidade de uma outra perspectiva e, só por isso, já deveria ser obrigatório fazer esta viagem de barco.
















Chegados a Burano o encanto por aquelas cores vivas faz-nos querer conhecer mais e mais e mais. Ainda assim, e por muito tempo que se perca a tirar fotos, este é um sítio que se vê relativamente rápido, podendo ser devidamente apreciado numa manhã, com direito a paragem para um almoço de peixe frito enquanto se aguarda pelo vaporetto de regresso. Bem de frente para a paragem, existe um pequeno tasquinho com um misto de peixe frito que é a cereja no topo do bolo para finalizar este passeio. 

O melhor mesmo é conhecer Burano logo pela manhã, apanhando os primeiros vaporettos do dia. À medida que vai chegando mais outro e outro, a vila vai enchendo de turistas e pode perder um bocadinho a sua piada.

Murano:

Não estava nos nossos planos conhecer Murano mas o trajecto do vaporetto com direcção a Burano tem paragem por lá e, uma vez que ocupámos apenas a manhã para conhecer Burano, aproveitamos e saímos também nesta ilha que tanto surpreendeu. Com uma cor tijolo muito intensa, esta é uma ilha muito mais industrial, com uma estética belíssima que em tudo contrasta com os vidros coloridos que por lá se fazem. Se conhecerem as fábricas de vidro poderão perder algum tempo mas se fizerem apenas um passeio pelo centro é também uma visita rápida mas bastante satisfatória e que faz todo o sentido fazer.




Onde dormir:

Escolher um hotel com boa localização é primordial para uma boa estadia. Saber que em dois passos se está na Piazza San Marco ou na Ponte di Rialto dá uma segurança muito maior do que estar constantemente dependente de transportes públicos para se conhecer a cidade. E foi no Starhotels Splendid Venice, bem no centro, que encontramos o melhor sítio para descansar de todos os passeios a conhecer os cantos, e os canais, de Veneza. Com um atendimento absolutamente cuidado e com áreas deslumbrantes, era ao pequeno almoço que o dia começava em beleza, num pátio interior com uma cobertura em vidro que recolhe ou abre consoante o estado meteorológico. Ao final do dia, o destaque vai para o rooftop, com uma vista exclusiva sobre a cidade, onde podemos desfrutar de uma bebida fresca enquanto planeamos o dia seguinte.



















Onde comer:

Não fossem os italianos verdadeiros amantes da boa comida mediterrânica, em cada esquina há um sem número de restaurantes ou pequenos bares onde podemos apreciar a sua cozinha. Das pizzas às pastas, dos enchidos aos queijos, os aromas são intensos e tentadores, a qualquer hora do dia. E a meio da tarde, não há nada como desfrutar de um Spritz Apperol numa das encantadoras praças da cidade.

Quando viajo adoro conhecer bons restaurantes mas não dispenso conhecer a cozinha típica de cada sítio. Em Itália é imperativo deixar que os seus sabores nos encham o prato na sua forma mais pura, mais autêntica e foi isso mesmo que fizemos. Hoje irei destacar dois restaurantes bem distintos, um mais cosmopolita, a respirar novidade, outro mais recatado, mais escondido e modesto, mas com sabores igualmente apetecíveis.




6342 A le Tole

Esbarramos com este restaurante aquando um dos passeios a pé pela cidade e os nossos olhos ficaram logo vidrados na fascinante vitrina de massas caseiras, feitas na hora, numa janela virada para a rua. O A le Tole tem uma estética que cativa logo desde início e um aspecto tão bom e autêntico que seria impensável que a cozinha não combinasse com a sua janela para a cidade. Tentámos lá almoçar e rapidamente percebemos que a categoria deste restaurante é daquelas que preenche algumas linhas da lista de espera. Tivemos que lá voltar num outro dia, cedo, para garantir que aquela experiência gastronómica seria nossa. Foi mesmo no último dia que conseguimos efectivar este nosso desejo e, como seria de esperar, não desiludiu.

Com uma pasta de açafrão e gambas e um calzone de cogumelos e fiambre que fizeram jus às expectativas, a satisfação só pode ser completa, num espaço onde a simpatia de quem nos recebe combina na perfeição com cada detalhe daquele espaço e com todos os aromas que ali se fundem.











Barbanera

Num registo mais típico, o Barbanera é uma pizzaria e cervejaria que também se cruzou no nosso caminho, de forma mais tímida, mas não menos interessante. É verdade que o restaurante é escuro, mas também é verdade que jantares à luz das velas sabem bem melhor! É certo que restaurantes com pouca gente não costumam ser um bom prenúncio, mas é também certo que nem sempre os nossos preconceitos têm razão. E foi neste cantinho escuro e a meia sala que encontrámos a melhor pasta de frutos do mar, e dávamos tudo para lá voltar! Com marisco autêntico, inteiro e com cascas, e uma pasta al dente temperada com um molho de tomate irrepreensível. A pizza era também de fazer inveja, polvilhada com parmesão lascado na hora a contracenar com rúcula selvagem na medida certa.







Veneza foi, sem dúvida, a melhor forma de começar a nossa lua de mel pela Europa mas qualquer outro motivo é válido para visitar esta cidade.

Daqui seguiu-se uma travessia de barco até ao norte da Croácia que espero partilhar com todos em breve!

m.*








Sem comentários:

Enviar um comentário

© dois igual a três - 2013. all rights reserved. Tecnologia do Blogger.